Ano: 1979.
Gênero: Documentário.
Classificação: 12 anos.
Diretor: Helvécio Ratton.
Roteiro: Helvécio Ratton.
Produção: Tarcísio Vidigal.
Países da produção: Brasil.
Idioma: Português
Sinopse:
O filme documenta, em forma de denuncia, a trágica realidade dos internos do Hospital Colônia de Barbacena em Minas Gerais, no ano de 1979. Na época, essa instituição era o maior manicômio do Brasil, recebendo o título de Cidade dos Loucos. Através de imagens dos diversos pavilhões, da cotidianidade da instituição, dos relatos dos internos e dos funcionários, o filme trás uma leitura crítica do sistema opressor e excludente da época que encaieirava o diferente, estigmatizando-o como "louco" com base em uma racionalidade psiquiátrica eugenista e higienista. Em nome da Razão, para além da sua composição artística, foi uma importante obra que expressou e ao mesmo tempo denunciou a situação da psiquiatria no Brasil, trazendo debates, mobilizando a opinião pública e contribuindo com a luta anti-manicomial, que repercutiria na reforma das políticas de saúde mental no Brasil.
Alguns aspectos e temas psicológicos para análise e discussão:
O filme apresenta uma leitura ético-político-crítica das concepções psicológicas da racionalidade clássica. Concepções que naturalizam o indivíduo, isolando-o de seu contexto sócio-cultural. Os aspectos psicológicos, observados no filme, podem ser tematizados em:
A loucura: sua construção biopsicossocial.
A lógica da psiquiatria e da psicologia clássica: os discursos para sua legitimação.
O sofrimento psicológico dos doentes encarneirados.
A desumanização no tratamento psicológico.
Os efeitos traumáticos do tratamento excludente.
A opressão do "louco" = a opressão do diferente.
A luta anti-manicomial: um compromisso ético-político da Psicologia.
Algumas curiosidades:
- O filme é considerado um marco da luta e da reforma nas políticas de saúde no Brasil.
- Na época do filme, o diretor, Helvécio Ratton, cursava o 4° ano de Psicologia, fazendo parte da Associação Mineira de Saúde Mental.
- Ratton, no final dos anos de 1960, foi militante anti-ditadura. Chegou a ser exilado no Chile e preso no Brasil.
- Foi por um psiquiatra, professor do curso de Psicologia, que Ratton teve acesso às fotos do manicômio. Estas que lhe motivaram a fazer o documentário.
Artigo científico sobre o filme, Goulart (2010):
Links pra assistir: